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De empresária a mãe a tempo inteiro: manual de sobrevivência
Estava para aqui o M. a ver futebol e eu, toda contentezinha fui ver roupa de criança para o computador.
Alguém me venha rapidamente dar 1 par de estalos, 1 garrafa de vinho e as filmagens do backstage do Nuno Gama na ModaLisboa!!!!
Como mulher numa sociedade judaico-cristã, passo parte dos meus dias à procura dos meus erros como mãe. Porque, na nossa sociedade, somos ensinados que mulher é bicho que erra.
As questões do mimo, colo e sono na cama dos pais, atormentam-me em particular pois a literatura e opiniões são tantas que mais parece que cheguei à Zara no último dia de saldos.
Fico ainda mais afligida quando, ao tentar encetar conversa com algumas pessoas, me garantem com 100% de certeza que demasiado colo, mimo ou viagens e excursões à minha cama, levam peremptoriamente a que a garota, aos 30 anos, use cabelo até aos pés, para poder tapar a sua própria cara, de tão insegura que será.
Agora, apesar de estar meio acéfala desde o momento áureo do meu útero, considero-me ainda uma gaja da ciência e tenho andado a investigar.
O grande argumento por trás da contenção de mimo é o self-soothing, ou a ideia que desde cedo as crianças devem se saber auto-satisfazer ou resolverem os seus próprios problemas, sejam eles medos, sono ou até uma irracional vontade de não estar sozinho.
E a razão porque devem desde cedo saber resolver estas questões sozinhos é que, sugere a nossa sociedade, os suínos, irresponsáveis dos seus pais certamente falharão, mais cedo ou mais tarde, então mais vale arrepiar caminho na auto-suficiência.
Para compensar, esta doutrina oferece uma sociedade democrática onde pautam sistemas de justiça, educação e saúde e nesses sim, um micro-ser, que desde que nasce deve ser registado e ter um número nestes serviços, deve confiar.
Deixem então que vos deixe a minha mais sincera e profissional opinião: ponham as teorias do self-soothing num sítio que eu cá sei mas que adianto que raramente vê a luz do sol.
Porque, que raio de sociedade é esta que procura passar a mensagem que se deve contar com a falha dos pais e com o sucesso de um sistema falhado?!
A minha filha, antes de contar com os sistemas democráticos de educação (Eheheh), justiça (ihihhihihi) ou saúde (Ahahahah) vai contar sempre com o colo, mimo, amor e cuspe (ver crónica da semana passada) da mãe.
E isto sim, falo por experiência própria, será a melhor fonte de self-soothing dela: se um dia sentir que o barco está a afundar, mais do que poder dar palmadinhas nas suas próprias costas, saber que há sempre alguém que a recebe de braços abertos. E com muito cuspo.
A Cláudia Semedo é também uma recém-mamã e uma amiga que muito apoio me tem dado. Pelo que ver este filme fez-me rir alto e bom som.
Mas vejam vocês porquê. Somos todas mulheres, com ou sem filhos, mais ou menos lassas por tê-los!
(A crónica do dia pode ferir susceptibilidades)
Eu dei um pum.
A minha filha riu-se.
Eu: mas..... ???!! Como???!......tu?????.....
Declarei assim o fim da inocência...
Não fomos à Moda Lisboa mas também fazemos produções de moda.
E, tal como a Jessica Athayde, também o fazemos principalmente para nos divertirmos.
Que é como quem diz, quem vê quilos não vê corações.
Anda agora uma mulher a criar uma filha para isto!
A minha relação com o tempo é uma relação do género apaixonado: estamos constantemente a mudar o passo e nunca percebo se está tudo bem ou mal!
O tempo tem uma velocidade imensurável: é lento para a minha filha adormecer e para passarem as suas constipações.
Mas é rápido quando quero que ela durma para eu conseguir fazer alguma coisa. E também é rápido quando nos estamos a divertir na rua e temos de vir para casa porque está na hora da sesta dela.
É lento quando quero que passe o inverno ou a fase dos dentes.
Mas é rápido quando me sento para ver um filme e nem meia hora consigo ficar acordada.
Mas, quando começo a arrumar a roupa da Clara, percebo de repente que o tempo é na verdade demasiado rápido a amadurecer o meu pequeno ser e a transformá-la num ser maior. Menos meu, mais do mundo.
O tempo tem sido, de facto, demasiado rápido a torná-la num ser maior. Agarro-me a que seja maior em todos os sentidos.
Crónicas na vida de uma mulher que já foi muito ocupada e agora é doméstica: fechada em casa há 3 dias pelo mau tempo e cria doente.
Eu: "Vou à rua comprar pão e iogurtes."
M.: "Eu comprei pão e iogurte ontem, não precisas ir."
Eu: "... NÃO GOSTO DESSE PÃO, VOU À RUA!"
Vai ser um looooooongo inverno se não para de chover. Mas pelo menos não há-de faltar nada cá em casa!
Adormecer uma criança está para uma mãe o que entregar o IRS está para um adulto: quase sempre um pesadelo mesmo que se receba algo em troca.
Nesta fase mais complicada então - de dentes e constipações e tal - a minha filha descobriu que além dos tau-taus, gosta de me puxar os cabelos enquanto eu a embalo aos pulinhos. Resumindo, este fim-de-semana, que esteve frio, dei por mim a suar enquanto a tentava adormecer.
E lembrei-me de um livro mencionado pelo @joao miguel tavares que contava a história de um pai que, por todo este trabalho criou uma história "personalizada" para o seu filho dormir: "go the fuck to sleep"
Há sempre mães chocadas: "ai pensar essas coisas do meu torrãozinho, coitadinho, nunca, vai sentir o efeito psicológico!"
Eu adoro a minha filha mais do que tudo neste mundo. Mas quando nos últimos 2 dias, ela acorda às 4 e às 6AM e quer-me puxar o cabelo para voltar a adormecer enquanto eu tento perceber em que planeta estou, há 1 lado em mim, pequeno, escondido e que não fala certamente que pensa: "querida filha &%$##"%&//, a mãe adora-te #$%&/((()(), porque não dormes tu meu amor ""#$%&%$$%&&?"
Deixo-vos aqui o best-selller caso precisem sentir-se inspiradas para partilhar também o vosso amor:)